segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Maria Dilar _ As Pedras que Tu Pisas


Natal tem tudo a ver com amor.
 É a época do ano em que nossos corações
estão mais receptivos e harmoniosos
 e nossas esperanças são renovadas.

 Feliz Natal!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

RETÁBULO

Estranho Menino Deus é o dum poeta!
 O que nasce e renasce há muitos anos
Na minha noite de Natal, fingida
 Mal corresponde à imagem conhecida
 Das sucursais do berço de Belém.
 É uma criança tímida que vem
 Visitar os meus sonhos, e, ao de leve
 Com mãos discretas, tece
 Um poema de neve
 Onde depois se deita e adormece.


Miguel Torga 

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Menino triste


Cabecinha boa de menino triste
de menino triste que sofre sozinho
 que sozinho sofre, — e resiste

 Cabecinha boa de menino ausente
 que de sofrer tanto se fez pensativo
 e não sabe mais o que sente.

Cabecinha boa de menino mudo
que não teve nada, que não pediu nada
 pelo medo de perder tudo.

 Cabecinha boa de menino santo
 que do alto se inclina sobre a água
 do mundo para mirar seu desencanto.

 Para ver passar numa onda lenta e fria
 a estrela perdida da felicidade
 que soube que não possuiria.

 Cecília Meireles, in 'Viagem'

sábado, 17 de novembro de 2018

Aida Garifullina & Andrea Bocelli⭐♫ "Vicino a te s'acqueta"/aus Andrea C...

Que tempo é o nosso ...


Que tempo é o nosso?
 Há quem diga que é um tempo a que falta amor.
 Convenhamos que é, pelo menos, um tempo
 em que tudo o que era nobre foi degradado
 convertido em mercadoria.
A obsessão do lucro foi transformando o homem
 num objecto com preço marcado.

 Eugénio de Andrade

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Estrela ...



Porque o meu coração é tão iluminado?

 Porque as estrelas estão tão brilhantes?

 Porque o céu é tão azul ,  desde a hora que eu conheci você?



 Charles Chaplin

sábado, 27 de outubro de 2018

Fotógrafo


Um fotógrafo não faz uma fotografia
 apenas com sua câmara,
mas com os livros que leu,
os filmes que assistiu,
as viagens que fez,
s músicas que ouviu,
 as pessoas que amou.

 Ansel Adams

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Só alguém especial ...


Qualquer um pode fazer - te feliz
 fazendo algo especial.
 Mas só alguém especial
 poderá  fazer-te feliz, sem fazer nada.

 CIT

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Chico Buarque - Apesar de Você



>Hoje você é quem manda Falou, tá falado
Não tem discussão, não. A minha gente hoje anda
 Falando de lado e olhando pro chão
 Viu? Você que inventou esse Estado
Inventou de inventar Toda escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar o perdão
 (Coro)
 Apesar de você amanhã há de ser outro dia
Eu pergunto a você onde vai se esconder
Da enorme euforia?
Como vai proibir Quando o galo insistir em cantar?
 Água nova brotando E a gente se amando sem parar
 Quando chegar o momento Esse meu sofrimento
 Vou cobrar com juros. Juro! Todo esse amor reprimido,
 Esse grito contido, Esse samba no escuro
 Você que inventou a tristeza Ora tenha a fineza de "desinventar"
Você vai pagar, e é dobrado, Cada lágrima rolada
Nesse meu penar
 (Coro2)
Apesar de você Amanhã há de ser outro dia.
Ainda pago pra ver O jardim florescer
Qual você não queria Você vai se amargar
Vendo o dia raiar Sem lhe pedir licença
 E eu vou morrer de rir
 E esse dia há de vir antes do que você pensa
Apesar de você
 (Coro3)
Apesar de você Amanhã há de ser outro dia
Você vai ter que ver A manhã renascer
E esbanjar poesia
 Como vai se explicar
Vendo o céu clarear, de repente, Impunemente?
Como vai abafar Nosso coro a cantar,
Na sua frente. Apesar de você
 (Coro4)
Apesar de você Amanhã há de ser outro dia.
Você vai se dar mal, etc e tal, La, laiá, la laiá, la laiá??

domingo, 30 de setembro de 2018

Poética


De manhã escureço
 De dia tardo
 De tarde anoiteço
 De noite ardo.
 A oeste a morte
 Contra quem vivo
 Do sul cativo
 O este é meu norte.
 Outros que contem
 Passo por passo:
Eu morro ontem
 Nasço amanhã
 Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando

. Vinicius de Moraes

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Maria Dilar Fado da Saudade Orquestra

Cantaremos

 Provisoriamente não cantaremos o amor
 que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços
 não cantaremos o ódio porque esse não existe
 existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro
 o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos
 o medo dos soldados, o medo das mães,
o medo das igrejas, cantaremos o medo dos ditadores,
 o medo dos democratas, cantaremos o medo da morte
flores amarelas e medrosas.

 ( Carlos Drummond de Andrade )

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

FRAGILIDADE


Como uma borboleta frágil apanhada de imprevisto
 na perpendicular do tempo assim me sinto
 Borboleta instante de ser alado meu breve instante
de infinito lembras-me o tempo fraccionado, ou indiviso?
 Danço e rodopio na luz, minha armadilha
 e só me detenho se chega a exaustão sabendo
 que ali é o fim do voo anseio ainda
minhas leves asas para me lançar na imensidão

 .ANGELA SANTOS

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

A mulher que passa

Meu Deus, eu quero a mulher que passa.
 Seu dorso frio é um campo de lírios
 Tem sete cores nos seus cabelos
 Sete esperanças na boca fresca!
 Oh! Como és linda, mulher que passas que me sacias e suplicias
 Dentro das noites, dentro dos dias!
 Teus sentimentos são poesia
 Teus sofrimentos, melancolia.
 Teus pêlos leves são relva boa Fresca e macia.
 Teus belos braços são cisnes mansos
 Longe das vozes da ventania.
 Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
 Como te adoro, mulher que passas
 Que vens e passas, que me sacias
 Dentro das noites, dentro dos dias!
 Porque me faltas, se te procuro?
 Por que me odeias quando te juro
 Que te perdia se me encontravas
 E me encontrava se te perdias?
 Por que não voltas, mulher que passa?
 Por que não enches a minha vida?
 Por que não voltas, mulher querida
 Sempre perdida, nunca encontrada?
 Por que não voltas à minha vida
 Para o que sofro não ser desgraça?
 Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
 Eu quero-a agora, sem mais demora
 A minha amada mulher que passa!
 No santo nome do teu martírio
 Do teu martírio que nunca cessa Meu Deus, eu quero, quero depressa
 A minha amada mulher que passa!
 Que fica e passa, que pacifica
 Que é tanto pura como devassa
 Que bóia leve como a cortiça
 E tem raízes como a fumaça.

 Vinicius de Moraes, in 'Antologia Poética'

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Não há falta na ausência.


Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada
Aconchegada nos meus braços
Que rio e danço e invento exclamações alegres
Porque a ausência, essa ausência assimilada
Ninguém a rouba mais de mim.

 Carlos Drummond de Andrade,

terça-feira, 3 de julho de 2018

Conta do tempo


Deus pede estrita conta de meu tempo.
 E eu vou do meu tempo, dar-lhe conta.
 Mas, como dar, sem tempo, tanta conta
 Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?
 Para dar minha conta feita a tempo
 O tempo me foi dado, e não fiz conta
 Não quis, sobrando tempo, fazer conta
 Hoje, quero acertar conta, e não há tempo.
 Oh, vós, que tendes tempo sem ter conta
 Não gasteis vosso tempo em passatempo.
 Cuidai, enquanto é tempo, em vossa conta!
 Pois, aqueles que, sem conta, gastam tempo
 Quando o tempo chegar, de prestar conta
 Chorarão, como eu, o não ter tempo...

 Frei António das Chagas, 'Antologia Poética'

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Um anjo veio...


[...] Um anjo veio e deu vida
Ao peito de amores nu:
Minh'alma agora remida
Adora o anjo - que és tu!

 Casimiro de Abreu

sexta-feira, 8 de junho de 2018

A musica...


A música p'ra mim tem seduções de oceano!
 Quantas vezes procuro navegar
 Sobre um dorso brumoso, a vela a todo o pano
 Minha pálida estrela a demandar!
 O peito saliente, os pulmões distendidos
 Como o rijo velame d'um navio
 Intento desvendar os reinos escondidos
 Sob o manto da noite escuro e frio;
 Sinto vibrar em mim todas as comoções
 D'um navio que sulca o vasto mar;
 Chuvas temporais, ciclones, convulsões
 Conseguem a minh'alma acalentar.
 — Mas quando reina a paz, quando a bonança impera
 Que desespero horrivel me exaspera

 Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"

terça-feira, 22 de maio de 2018

Leonard Cohen Ten New Songs - Full Album

Primavera...


Ah! quem nos dera que isto, como outrora
Inda nos comovesse!
Ah! quem nos dera
Que inda juntos pudéssemos agora
Ver o desabrochar da primavera!
 Saíamos com os pássaros e a aurora.
 E, no chão, sobre os troncos cheios de hera
Sentavas-te sorrindo, de hora em hora:
 "Beijemo-nos! amemo-nos! espera!"
 E esse corpo de rosa recendia,
 E aos meus beijos de fogo palpitava,
 Alquebrado de amor e de cansaço.
 A alma da terra gorjeava e ria...
 Nascia a primavera...
 E eu te levava, Primavera de carne, pelo braço!

 Olavo Bilac, in "Poesias"

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Gato negro...


"Eu sou um gato, negro como cor da noite.
 Livre e misterioso como os astros no firmamento.
 Tens medo do mistério?
 Dele crias lendas, medos e fantasias?
 És supersticioso e preconceituoso?
 Não me uses nas tuas inseguranças.
Eu sou um gato preto
Eu sou uma vida,
eu sou mais uma beleza da Criação
 assim como tu, e tudo
que existe neste imenso Cosmos."

 Amara Antara

sábado, 28 de abril de 2018

Gosto da minha solidão


Gosto da minha solidão
do meu canto do meu quarto do meu silêncio ...
Não sinto nenhum incômodo em ficar sozinha .
 Pelo contrário ...
 Vou delicadamente me cuidando e me regando por dentro .
 O momento em que me sinto mais feliz :
 É quando fecho os olhos
mergulho profundo esqueço toda a dor
 E me acaricio em alento .

 Paula Monteiro

segunda-feira, 23 de abril de 2018

Nunca existiu uma pessoa como você...


Nunca existiu uma pessoa como você antes
 não existe ninguém neste mundo
 como você agora e nem nunca existirá.
Veja só o respeito que a vida tem por você.
Você é uma obra de arte — impossível de repetir
 incomparável, absolutamente única.

 Osho

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Os ninguens,os donos de nada.


"Os ninguéns: os filhos de ninguém, os dono de nada.
 Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos,
 morrendo a vida, fodidos e mal pagos:
Que não são embora sejam.
 Que não falam idiomas, falam dialectos.
 Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
 Que não tem cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
 Que não têm nome, têm número.
 Que não aparecem na história universal
 aparecem nas páginas policiais da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.” . .

 Eduardo Galeano, em “O Livro dos Abraços”


domingo, 8 de abril de 2018

Maria Dilar _ Fronteira de Coragem

.
t
Portugal visto de cima
 é um Fernando Pessoa... distante, profundo
 e intrigante, cheio de reentrâncias e Saramagos...

 Moog Laet

sábado, 7 de abril de 2018

Se alguém lhe disser que sonha...


Vestiu-se para um baile que não há.
 Sentou-se com suas últimas jóias.
 E olha para o lado, imóvel.
 Está vendo os salões que se acabaram
 embala-se em valsas que não dançou
 levemente sorri para um homem.
 O homem que não existiu.
 Se alguém lhe disser que sonha
 levantará com desdém o arco das sobrancelhas
 Pois jamais se viveu com tanta plenitude.
 Mas para falar de sua vida
tem de abaixar as quase infantis pestanas
 e esperar que se apaguem duas infinitas lágrimas.

 Cecília Meireles, 'Poemas (1942-1959)'

sexta-feira, 30 de março de 2018

A vida é barulhenta


A vida é barulhenta.
 Dentro ou fora de nós, nada se aquieta.
Queremos nos comunicar, exigimos respostas
 na velocidade de super-hiper-mega bytes
 contabilizamos "notificações", desejamos
 ser cutucados de volta.
Sem perceber, desaprendemos a silenciar.
 Desaprendemos a suportar a voz que cala
 e sofremos com a falta de respostas.
Desaprendemos a ser ausência.
 De vez em quando é necessário ser silêncio.
Habituar-se à própria presença
 inteirar-se de sua solidão.
Comunicar tudo sem dizer nada.

 Fabíola Simões

domingo, 18 de março de 2018

Tantas formas revestes

Tantas formas revestes, e nenhuma
Me satisfaz!
Vens às vezes no amor, e quase te acredito.
Mas todo o amor é um grito
 Desesperado Que apenas ouve o eco…
Peco
Por absurdo humano:
Quero não sei que cálice profano
Cheio de um vinho herético e sagrado.

 Miguel Torga

quinta-feira, 8 de março de 2018

Então cuide bem de você...


Então, cuide bem de você.
Do que você sente, do que você faz
do que você vê e agrega.
Cuide dos seus, avalie a sua importância.
Tome conta de si, reajuste-se, pergunte-se.
Inclua o necessário.
Desligue o menos importante.
Abra mão quando for preciso.
Aumente a beleza do verbo permanecer.

 (Priscila Rôde).

terça-feira, 6 de março de 2018

Como a noite é longa


Como a noite é longa!
 Toda a noite é assim...
 Senta-te, ama, perto Do leito onde esperto.
 Vem para ao pé de mim... Amei tanta coisa...
 Hoje nada existe
 Aqui ao pé da cama Canta-me, minha ama
 Uma canção triste. Era uma princesa
 Que amou... Já não sei... Como estou esquecido!
 Canta-me ao ouvido E adormecerei...
 Que é feito de tudo? Que fiz eu de mim?
 Deixa-me dormir, Dormir a sorrir
 E seja isto o fim.

Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018



Ode ao Gato
Tu e eu temos de permeio a rebeldia que desassossega, a matéria compulsiva dos sentidos.
Que ninguém nos dome, que ninguém tente reduzir-nos ao silêncio branco da cinza
 pois nós temos fôlegos largos de vento e de névoa para de novo nos erguermos
 e, sobre o desconsolo dos escombros, formarmos o salto que leva à glória ou à morte
 conforme a harmonia dos astros e a regra elementar do destino.

 José Jorge Letria, in "Animália Odes aos Bichos"

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Maria Dilar _ Lisboa a beira Tejo




No mês preferido dos alfacinhas, as ruas da cidade enchem-se de bandeirolas coloridas, manjericos cheirosos, sardinhas a saltar na grelha e imperiais fresquinhas. Em tudo o que é bairro celebra-se o Santo António com música popular, marchas ... e dança aos pares.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Rodrigo Leão & Lula Pena - Pasión




TALENTO....MAGIA....SEDUÇÃO ....EROTISMO !!  RODRIGO LEÃO e LULA PENA NO SEU MELHOR!
 É um tango português... Desfrutem !

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Fecho os olhos


Fecho os olhos, para aqueles que cobram, sendo mal pagadores
 Fecho os olhos, para aqueles que se acham mais que qualquer um.
Fecho os olhos, para quem vê a maldade até na própria maldade que faz.
 Fecho os olhos, para os que com ferro ferem e não aguentam o espinho de uma rosa.
Fecho os olhos, para os desprovidos de bondade, aquela aplicada de dentro para fora.
Fecho os olhos, para os egoístas que querem todas as luzes do universo.
Fecho os olhos, para os desprovidos de carácter, porque personalidade já é artigo de nascença.
Fecho os olhos, para os invejosos que não conseguem abrir os próprios olhos e enxergarem belezas onde elas realmente existam.
 Enfim, fecho os meus olhos, para você que me enterra todos os dias
com a sua falta de perspectiva, de luz, de amor ao próximo
 de companheirismo e principalmente de entendimento de sua própria alma.
Para você eu fecho definitivamente, meus olhos
 mas deixo a minha bondade na esperança
 de que possa ainda, se reencontrar!!!"

 G.Fernandes.

sábado, 3 de fevereiro de 2018

Vento e água....


... Um poeta
 é sempre irmão do vento e da água:
 deixa seu ritmo por onde passa. ...
 Se eu nem sei onde estou
como posso esperar que algum ouvido me escute?

 ... Ah! Se eu nem sei quem sou,

como posso esperar que venha alguém gostar de mim?

Cecília Meireles

domingo, 28 de janeiro de 2018

Saber escolher os amigos....


Felizes os cães, que pelo faro
 descobrem os amigos.

 "Machado de Assis"

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Quando está frio no tempo do frio ...


Quando está frio no tempo do frio, para mim é como se estivesse agradável
 Porque para o meu ser adequado à existência das coisas 
O natural é o agradável só por ser natural.
 Aceito as dificuldades da vida porque são o destino
 Como aceito o frio excessivo no alto do Inverno —
 Calmamente, sem me queixar, como quem meramente aceita
 E encontra uma alegria no fato de aceitar —
 No facto sublimemente científico e difícil de aceitar o natural inevitável.
 Que são para mim as doenças que tenho e o mal que me acontece
 Senão o Inverno da minha pessoa e da minha vida?
 O Inverno irregular, cujas leis de aparecimento desconheço
 Mas que existe para mim em virtude da mesma fatalidade sublime
 Da mesma inevitável exterioridade a mim
Que o calor da terra no alto do Verão
 E o frio da terra no cimo do Inverno.
 Aceito por personalidade.
 Nasci sujeito como os outros a erros e a defeitos
Mas nunca ao erro de querer compreender demais
Nunca ao erro de querer compreender só corri a inteligência
Nunca ao defeito de exigir do Mundo
 Que fosse qualquer cousa que não fosse o Mundo.

 Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"
 Heterónimo de Fernando Pessoa

sábado, 13 de janeiro de 2018

Maria Dilar _ Fronteira de Coragem


Cada vez gosto mais de ser português
 e cada vez tenho mais orgulho no meu país.
 É-me insuportável ouvir dizer
 «somos um país pequeno e periférico»
 Para mim Portugal é central e muito grande.

António Lobo Antunes

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018


Os animais selvagens nunca matam por divertimento.
O homem é a única criatura para quem a tortura e a morte dos seus semelhantes
 são divertidas por si.

 James Froude