De onde vem - a voz que nos rasgou por dentro
que trouxe consigo a chuva negra do outono
que fugiu por entre névoas
e campos devorados pela erva?
Esteve aqui — aqui dentro de nós
como se sempre aqui tivesse estado
e não a ouvimos, como se não nos falasse
desde sempre, aqui, dentro de nós.
E agora que a queremos ouvir
como se a tivéssemos reconhecido outrora
onde está? A voz que dança de noite, no inverno
sem luz nem eco, enquanto segura pela mão
o fio obscuro do horizonte.
Diz: "Não chores o que te espera
nem desças já pela margem do rio derradeiro.
Respira, numa breve inspiração
o cheiro da resina, nos bosques
e o sopro húmido dos versos
Como se a ouvíssemos.
Nuno Júdice
Não conhecia este poema. Lindíssimo!
ResponderEliminarObrigada Ana! Também gosto muito deste poema...
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