sábado, 11 de fevereiro de 2017

in "Infinito Pessoal"

Desvio dos teus ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada
da frescura que vem depois do sol
 quando depois do sol não vem mais nada...

Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio...

Começas a vestir-te, lentamente
e é ternura também que vou vestindo
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...

Mas ninguém sonha a pressa
com que nós a despimos
 assim que estamos sós!


De: DAVID MOURÃO-FERREIRA 

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