"Os ninguéns: os filhos de ninguém, os dono de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos,
morrendo a vida, fodidos e mal pagos:
Que não são embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialectos.
Que não praticam religiões, praticam superstições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não tem cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal
aparecem nas páginas policiais da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.” . .
Eduardo Galeano, em “O Livro dos Abraços”
Sem comentários:
Enviar um comentário