As tuas mãos grossas veias como cordas azuis
sobre um fundo de manchas já cor de terra
como são belas as tuas mãos
pelo quanto lidaram, acariciavam ou fremiam da nobre cólera dos justos...
Porque há nas tuas mãos, meu velho pai
essa beleza que se chama simplesmente vida.
E, ao entardecer, quando elas repousam
nos braços da cadeira predilecta, uma luz parece vir de dentro delas...
Virá dessa chama que pouco a pouco
longamente, vieste alimentando
na terrível solidão do mundo. como quem junta gravetos
e tenta acendê-los contra o vento?
Ah! Como os fizestes, arder, fulgir, como o milagre de suas mãos!
E é ainda, a vida que transfigura
as tuas mãos nodosas... essa chama de vida
que transcende a própria vida ...
e que os Anjos, um dia, chamarão de alma.
Mario Quintana
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