sexta-feira, 11 de setembro de 2015

As tuas mãos...


As tuas mãos grossas veias como cordas azuis
 sobre um fundo de manchas já cor de terra
 como são belas as tuas mãos
 pelo quanto lidaram, acariciavam ou fremiam da nobre cólera dos justos...
 Porque há nas tuas mãos, meu velho pai
 essa beleza que se chama simplesmente vida.
 E, ao entardecer, quando elas repousam
 nos braços da cadeira predilecta, uma luz parece vir de dentro delas...
 Virá dessa chama que pouco a pouco
 longamente, vieste alimentando
 na terrível solidão do mundo. como quem junta gravetos
 e tenta acendê-los contra o vento?
 Ah! Como os fizestes, arder, fulgir, como o milagre de suas mãos!
 E é ainda, a vida que transfigura
 as tuas mãos nodosas... essa chama de vida
  que transcende a própria vida ...
e que os Anjos, um dia, chamarão de alma.

 Mario Quintana

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