Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste: sou poeta.
Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento
. Atravesso noites e dias no vento.
Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, — não sei, não sei.
Não sei se fico ou passo.
Sei que canto.
E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada
E um dia sei que estarei mudo: — mais nada.
Cecília Meireles
foto- Maria Dilar
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