quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Nascer todas as manhãs...


Apesar da idade, não me acostumar à vida.
 Vivê-la até ao derradeiro suspiro de credo na boca.
 Sempre pela primeira vez, com a mesma apetência, o mesmo espanto, a mesma aflição.
 Não consentir que ela se banalize nos sentidos e no entendimento.
 Esquecer em cada poente o do dia anterior.
 Saborear os frutos do quotidiano sem ter o gosto deles na memória.
 Nascer todas as manhãs.

 Miguel Torga,

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