Já a deixar de ser gente, inquieta-se.
Engolido pela paisagem,
Conforta-o saber-se capaz de a despojar de todo o fulgor e preeminencia com o coadunar de um acorde ou dois.
A música : uma gota de complacência no que está desguarnecido de humanidade;
Nos prados frescos onde nenhuma alma repousa;
Onde nadam caóticas e dispersas ;
Nos lugares onde o assassínio se comete em colectividade
E por ser impreterível perdoa-se sozinho.
Quem somos nós para rebater ditos fenómenos?
Quem somos nós para os apelidar de milagres?
Cantados, os arbustos enovelam-se à passagem;
E as árvores despem as folhas umas das outras, em sopros de luxúria e desejo.
Escaravelhos, hienas, abutres
Famosos saprófagos, sem crime.
Resta ao homem que canta tudo isto aperceber-se das distinções rígidas que a sua música vai cravando na paisagem.
Naturalmente, aperceber-se-à do peso que acarreta o tentar-se emudecer a obscenidade dos bosques
. Se ao menos houvesse ópera na selva.
Poema de
TIAGO SANTOS
foto- Fred Wu
Mi piace il surrealismo.
ResponderEliminarCiao.
Obrigada pelo comentário! O poeta é um jovem de 20 anos e que eu acho de grande talento...Gostei da tua visita . volta sempre. Um Abraço!
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