terça-feira, 12 de abril de 2016

QUANDO...


Quando o meu corpo apodrecer e eu for morta
 Continuará o jardim, o céu e o mar,
 E como hoje igualmente hão-de bailar
 As quatro estações à minha porta.
 Outros em Abril passarão no pomar
 Em que eu tantas vezes passei,
 Haverá longos poentes sobre o mar
 Outros amarão as coisas que eu amei.
 Será o mesmo brilho, a mesma festa,
 Será o mesmo jardim à minha porta,
 E os cabelos doirados da floresta,
 Como se eu não estivesse morta.

 Sophia de Mello Breyner Andresen,

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