quarta-feira, 6 de maio de 2015

Em todas as ruas te encontro


Em todas as ruas te encontro em todas as ruas te perco
Conheço tão bem o teu corpo sonhei tanto a tua figura
Que é de olhos fechados que eu ando a limitar a tua altura
E bebo a água e sorvo o ar que te atravessou a cintura
Tanto tão perto tão real que o meu corpo se transfigura
E toca o seu próprio elemento num corpo que já não é seu
Num rio que desapareceu onde um braço teu me procura
Em todas as ruas te encontro em todas as ruas te perco

 Mário Cesariny, in "Pena Capital"

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