sábado, 16 de maio de 2015

Liberdade!


— Liberdade, que estais no céu...
 Rezava o padre-nosso que sabia
 A pedir-te, humildemente
 O pio de cada dia.
 Mas a tua bondade omnipotente
 Nem me ouvia. —

 Liberdade, que estais na terra...
 E a minha voz crescia de emoção
 Mas um silêncio triste sepultava
 A fé que ressumava da oração


 Até que um dia, corajosamente
 Olhei noutro sentido, e pude, deslumbrado
 Saborear, enfim, o pão da minha fome
 Liberdade, que estais em mim
 Santificado seja o vosso nome.

 Miguel Torga,
foto- Manuel Barca                                                                                     

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