domingo, 10 de maio de 2015

Ruas de Lisboa



Ruas da minha cidade
Veias que o meu sangue abraça
E põe cravos de ansiedade
Na lapela de quem passa.
 Ruas da minha cidade
Onde perco o coração.
Poema diz a verdade!
 Diz a verdade canção!
 Ruas da minha cidade
Amanhecendo a firmeza duma ponte
Entre a saudade e um Abril à portuguesa.
Ruas da minha cidade onde vingo as minhas asas.
 O meu nome é liberdade e moro em todas as casas.
 Ruas da minha cidade
Praças da minha alegria onde antes da claridade
Era noite todo o dia.
 Ruas da minha cidade
Onde o velho é sempre novo: as ruas não têm idade
Porque são todas do povo.
 Ruas da minha cidade becos de ganga puída.
 Oficinas da verdade dos operários desta vida
. Ruas da minha cidade janelas do meu olhar
Onde os pardais da amizade à tarde vêm poisar.
 Ruas da minha cidade rasgadas por minha mão.
 A gente passa à vontade quando pisa o nosso chão.
 Ruas da minha cidade
 Aonde eu quero morrer
Com cravos de eternidade
 Dos meus olhos a nascer. *

Joaquim Pessoa

2 comentários:

  1. Ruas da minha Cidade
    Veias que o meu sangue abraça...
    Muito bom, este Joaquim Pessoa!
    Obrigada pela partilha. Bj

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  2. Obrigada H Brites! O poema do Joaquim Pessoa é brutal e belo...Beijo

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