Desde que tudo me cansa
Comecei eu a viver
Comecei a viver sem esperança...
E venha a morte quando Deus quiser
Dantes, ou muito ou pouco
Sempre esperara:
Às vezes, tanto, que o meu sonho louco
Voava das estrelas à mais rara; Outras, tão pouco
Que ninguém mais com tal se conformara
Hoje, é que nada espero. Para quê, esperar?
Sei que já nada é meu senão se o não tiver
Se quero, é só enquanto apenas quero
Só de longe, e secreto, é que inda posso amar
E venha a morte quando Deus quiser
Mas, com isto, que têm as estrelas?
Continuam brilhando, altas e belas.
José Régio,
foto Howard Schatz
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