sábado, 22 de agosto de 2015

As tuas mãos...


As tuas mãos grossas veias como cordas azuis
 sobre um fundo de manchas já cor de terra
 - como são belas as tuas mãos pelo quanto lidaram
acariciavam ou fremiam da nobre cólera dos justos...
 Porque há nas tuas mãos, meu velho pai
 essa beleza que se chama simplesmente vida.
 E, ao entardecer, quando elas repousam
 nos braços da cadeira predilecta
uma luz parece vir de dentro delas...
 Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente
vieste alimentando na terrível solidão do mundo
como quem junta gravetos e tenta acendê-los contra o vento?
 Ah! Como os fizestes, arder, fulgir
 como o milagre de suas mãos!
 E é ainda, a vida que transfigura
as tuas mãos nodosas... essa chama de vida
 - que transcende a própria vida
 ...e que os Anjos, um dia, chamarão de alma.

 Mario Quintana
foto  Hussain Khalaf

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