terça-feira, 29 de novembro de 2016

MEUS VERSOS DE DOR



 De onde me vem esta dor cortante?
 Que de mim não tem pena
 E me dói a todo instante
 Como se vivesse em meus poemas
 De onde me vem esta lágrima que não choro?
No fundo do poço, não vejo mais jeito
 Eu rezo, eu peço e quase imploro
Tentando calar essa dor que grita em meu peito
 De onde me vem esse sopro de desesperança?
 Dizendo a mim mesma o que eu nego
Ferindo, quebrando o meu ego
 Sorriso de dor, chorando lembranças

By: Versos e Rimas da Alma

domingo, 27 de novembro de 2016

Morrerei....


Era uma vez duas vezes.
 E como nunca há duas sem três, algum castigo tens guardado para mim.
 Não sei se me roubarás os livros, se me esconderás os melros, se me negarás os beijos.
 Alguma coisa destas tu farás.
 Podes roubar-me os livros.
 Hei-de recuperá-los, verso a verso, como a aranha que reconstrói a teia
 como o pensamento que reconstrói a ideia
 como o vento que reconstrói a areia.
 Podes esconder-me os melros.
 Saberei cantar.
Darei asas à minha esperança
 para a ver poisar em todos os verdes
 brilhar em todos os muros, debicar todos os desejos.
 Não me negues os beijos.
 Morrerei de fome.
 E de sede
. E de saudade
 Morrerei de te ver e não te ter.
 Morrerei de não morder a tua boca.
 Morrerei de não viver
. Morrerei.

 Joaquim Pessoa

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

O Anel de Vidro


Aquele pequenino anel que tu me deste
 — Ai de mim —
era vidro e logo se quebrou
 Assim também o eterno amor que prometeste
 Eterno! era bem pouco e cedo se acabou.
 Frágil penhor que foi do amor que me tiveste
Símbolo da afeição que o tempo aniquilou
 Aquele pequenino anel que tu me deste
 — Ai de mim — era vidro e logo se quebrou
 Não me turbou, porém, o despeito que investe
 Gritando maldições contra aquilo que amou.
 De ti conservo no peito a saudade celeste
 Como também guardei o pó que me ficou
 Daquele pequenino anel que tu me deste

Manuel Bandeira

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Foi par ti...


Foi para ti que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra toquei
no nada e para ti foi tudo
Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram no minuto
em que talhei o sabor do sempre

 Para ti dei voz às minhas mãos
abri os gomos do tempo assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano de tudo sermos donos

sem nada termos simplesmente porque era de noite
e não dormíamos..  eu descia em teu peito para me procurar
e antes que a escuridão nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos vivendo de um só
amando de uma só vida


 Mia Couto 

domingo, 13 de novembro de 2016

Além da Lenda...


Sendo Lenda
 posso brincar na sua alegria
 ser parte da sua emoção
 e caminhar, tranquila, pela sua ilusão...
Sendo Lenda, posso escrever
meu nome em sua vida
 e me instalar no aconchego do seu coração
 como uma sensação chegando pelo perfume do ar...
 Sendo Lenda
posso ser parte de você
 sem você perceber...

Débora Bottcher

domingo, 6 de novembro de 2016

O som do Silencio

Neurastenia


Sinto hoje a alma cheia de tristeza!
 Um sino dobra em mim Ave-Maria!
 Lá fora, a chuva, brancas mãos esguias,
 Faz na vidraça rendas de Veneza ...
 O vento desgrenhado chora e reza
 Por alma dos que estão nas agonias!
 E flocos de neve, aves brancas, frias
 Batem as asas pela Natureza

 ... Chuva ... tenho tristeza!

Mas porquê?! Vento ... tenho saudades!
Mas de quê?! Ó neve que destino triste o nosso!
 Ó chuva! Ó vento! Ó neve! Que tortura!
 Gritem ao mundo inteiro esta amargura
 Digam isto que sinto que eu não posso!! ...

 Florbela Espanca,

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Perdi meus fantásticos castelos


Perdi meus fantásticos castelos
 Como névoa distante que se esfuma...
 Quis vencer, quis lutar, quis defendê-los:
 Quebrei as minhas lanças uma a uma!
 Perdi minhas galeras entre os gelos
 Que se afundaram sobre um mar de bruma... -
Tantos escolhos! Quem podia vê-los?
– Deitei-me ao mar e não salvei nenhuma!
 Perdi a minha taça, o meu anel,
 A minha cota de aço, o meu corcel,
 Perdi meu elmo de ouro e pedrarias...
 Sobem-me aos lábios súplicas estranhas...
 Sobre o meu coração pesam montanhas...
 Olho assombrada as minhas mãos vazias...

 Florbela Espanca,