quinta-feira, 24 de novembro de 2016

O Anel de Vidro


Aquele pequenino anel que tu me deste
 — Ai de mim —
era vidro e logo se quebrou
 Assim também o eterno amor que prometeste
 Eterno! era bem pouco e cedo se acabou.
 Frágil penhor que foi do amor que me tiveste
Símbolo da afeição que o tempo aniquilou
 Aquele pequenino anel que tu me deste
 — Ai de mim — era vidro e logo se quebrou
 Não me turbou, porém, o despeito que investe
 Gritando maldições contra aquilo que amou.
 De ti conservo no peito a saudade celeste
 Como também guardei o pó que me ficou
 Daquele pequenino anel que tu me deste

Manuel Bandeira

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