sábado, 3 de dezembro de 2016

Mistério


Gosto de ti, ó chuva, nos beirados,
 Dizendo coisas que ninguém entende!
 Da tua cantilena se desprende
Um sonho de magia e de pecados
 Dos teus pálidos dedos delicados
 Uma alada canção palpita e ascende
 Frases que a nossa boca não aprende
 Murmúrios por caminhos desolados.
 Pelo meu rosto branco, sempre frio
Fazes passar o lúgubre arrepio

 Das sensações estranhas, dolorosas…
 Talvez um dia entenda o teu mistério…
Quando, inerte, na paz do cemitério
O meu corpo matar a fome às rosas!

 Florbela Espanca
foto-google

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