sexta-feira, 15 de abril de 2016

Algemas - Maria Dilar


Escravos errantes da vida
 E da angustia de viver
Somos a imagem esbatida
 Do que nós quisemos ser
 Corta-se embora à corrente
 Que nos prende ao que é vulgar
 E afinal tudo é diferente
 Do que queremos alcançar

 Sem saber porque vivemos
 No mistério de existir
Nem mesmo ao sorrir esquecemos
 A mentira que é sorrir
 Desde sempre que conheço
 Porque a vida me ensinou
Que o riso é sempre o começo
 Do sorriso que findou

 Prendo o mundo nos meus braços
 Quando me abraças nos teus
 E por momentos escassos
 A terra dá-nos os céus
 A vida fica suspensa
 No nada que a fez nascer
 E esse nada recompensa
 Na tortura de viver

 Álvaro Duarte Simões

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